• A maioria dos adolescentes se preocupa com corpo, peso e alimentação atualmente. Todos têm transtornos alimentares?

    Já os pacientes com transtornos alimentares mudam de forma radical e permanente sua alimentação, rotina e atividades físicas. Em função disso, passam a apresentar alterações físicas, como a desnutrição na AN e o desgaste do esmalte dos dentes na BN. De fato, a maioria dos adolescentes tem preocupações sobre corpo, peso e alimentação atualmente. Todavia, eles alteram um pouco de seus hábitos alimentares e/ou exercícios físicos por um breve período de tempo. Em seguida, já voltam a rotina usual de alimentação e atividades físicas. Eles falam muito e se queixam dos corpos, mas se arrumam para festas, passeiam com os amigos, compram roupas e comem. Ou seja, a maioria dos adolescentes não tem transtorno alimentar.

  • A internação domiciliar está deixando meu filho/a triste e isolado?

    Na verdade, seu filho está sofrendo por causa da AN ou da BN! Ele já estava assim antes de iniciar o tratamento. Como o tratamento adequado faz com que ele enfrente seus medos e não obedeça a doença, a irritação, o choro e a tristeza podem ficar mais evidentes e até mais intensos num primeiro momento. Além disso, incomoda mesmo estar proibido de fazer suas atividades usuais como ir à escola e sair com os amigos. Nesse momento, não há outra forma de ajudá-lo. Devemos lembrar que isso é uma fase do acompanhamento. Doenças graves como os transtornos alimentares exigem grandes esforços para serem curadas!

  • Qual é a indicação de internação domiciliar?

    A internação domiciliar se compara aos cuidados de uma internação hospitalar, mas feita na casa do próprio paciente que fica aos cuidados de seus pais. É uma fase difícil para o paciente e sua família! Na AN, ela é indicada em função da desnutrição grave para que haja uma diminuição importante dos gastos de energia, realimentação e recuperação de peso progressiva. Assim como num hospital, o paciente não pode passear, ir para escola ou estudar. Preferencialmente, ele deve ficar a maior parte do tempo deitado, distraindo-se com TV, livros e internet (sem entrar em sites sobre peso, corpo, comida). A medida que ele for melhorando, será liberado para voltar aos poucos às atividades. Na BN, a internação domiciliar é indicada em casos mais graves em que a alimentação está muito desorganizada e a frequência de vômitos, compulsões e comportamentos compensatórios colocam o paciente em maior risco. Ou seja, ele precisa ficar monitorado pelos pais para ser alimentado adequadamente e impedido de vomitar, ter compulsões ou realizar comportamentos compensatórios.

  • Exercícios físicos não fazem bem para saúde? Por que o médico proibiu?

    Exercícios físicos fazem bem para saúde, quando realizados por prazer para ajudar o corpo a funcionar melhor. Os exercícios físicos na AN ou na BN são feitos na tentativa de controlar o peso, de forma excessiva, machucando o corpo e para “pagar” os alimentos ingeridos e aliviar a culpa. Quando o paciente estiver em condições físicas e livre desse controle da doença, será liberado para a prática saudável de exercícios físicos

  • Por que meu filho/a não pode ter o peso que ele quer?

    Cuidado com essa armadilha da doença! Atualmente, de forma equivocada, a maioria das pessoas acredita que pode controlar seu corpo e ter o peso e a forma que querem. Os pacientes com AN ou BN estão ainda mais confusos sobre isso, porque estão dominados pelas ideias torturantes dessas doenças. Provavelmente o peso que ele diz que quer é uma meta determinada pela doença. Quando ele alcançar esse peso, vai querer perder mais um pouco. Talvez até ele já tenha tido o peso desejado e nem ficou satisfeito na época. Dessa forma, a faixa de peso adequada é aquela determinada pela história de peso por altura e idade do paciente jovem ou pelo índice de massa corporal nos adultos. A faixa de peso não é determinada pela vontade nem do paciente nem dos profissionais que o acompanham.

  • Por que meu filho/a precisa continuar a recuperar peso, se já parece bem?

    A faixa de peso adequada para seu filho depende da história de altura e peso dele (demonstrada naquele gráfico usado pelos pediatras nas consultas de rotina), bem como da sua idade. É fundamental que ele recupere peso até chegar na faixa de peso por altura e idade que ele costumava ter antes da AN. Só assim o corpo dele começará a se refazer das mudanças destrutivas dessa doença. Caso vocês não tenham esses gráficos à disposição, os profissionais buscarão a faixa de peso por altura e idade mais adequada para o sexo e a idade dele. Se ele era obeso ou sobrepeso antes do transtorno alimentar, os profissionais ajudarão a encontrar uma faixa de peso por altura e idade saudável para ele. O peso que achamos bom e o corpo que achamos bonito ou saudável não são bons guias da recuperação saudável de peso. Peça para os profissionais mostrarem para vocês a faixa de peso que o paciente está e aquela que deve alcançar no gráfico de índice de massa corporal por idade. Assim, todos têm esse objetivo bem claro

  • Não é invasão de privacidade ficar cuidando as idas do meu filho/a ao banheiro depois das refeições, vigiar o que faz no seu quarto ou checar os sites que tem visitado no celular, computador ou tablet?

    Se o seu filho teve diagnóstico de AN ou BN, ele está sob o controle do medo de engordar e dos pensamentos sobre corpo, peso, comida, calorias. Essa tortura fará com que ele acabe fazendo coisas que o prejudiquem, como vomitar, fazer exercícios escondido, buscar informações sobre calorias e gastos de energia. Portanto, nesse momento de tratamento, você DEVE vigiálo, conforme as orientações dos profissionais que estão acompanhando vocês. Isso é CUIDADO!

  • Por que é tão importante parar com os comportamentos compensatórios?

    Os comportamentos compensatórios são aqueles comportamentos direcionados ao controle do peso, tais como exercícios físicos ou movimentos físicos excessivos, vômitos, medicações para emagrecer e laxantes. Eles estão presentes tanto na BN, como na AN. Os comportamentos compensatórios causam mudanças no funcionamento químico do cérebro e de todo o corpo, que gera um ciclo de perpetuação dos próprios comportamentos compensatórios, determinando um estado que facilite a desnutrição ou a má alimentação e todas as suas consequências. Quanto mais o paciente se exercita, vomita ou usa medicações ou laxantes, mais vai querer se exercitar, vomitar, usar medicações ou laxantes. É um ciclo vicioso mortal! Interromper esse ciclo é fundamental para que o corpo volte a funcionar adequadamente e reencontre o equilíbrio

  • Qual é a importância de recuperar peso semanalmente no início do tratamento da AN?

    Estudos científicos e a prática clínica já demonstram que o ganho de peso progressivo e regular garantem uma maior chance de recuperação da AN. Aqueles pacientes que ganham peso de forma irregular (semanas em que ganham e outras em que mantém ou perdem peso) têm bem menos chances de se recuperar completamente. Assim, é importante que paciente, família e profissionais trabalhem juntos para garantir ganho de peso toda a semana até chegar na faixa de peso saudável para idade do paciente.

  • Em quanto tempo meu filho/a vai se recuperar completamente da BN?

    A BN causa alterações importantes no funcionamento do corpo, apesar do paciente parecer “normal”. O ciclo dieta-compulsões-purgações deve ser interrompido completamente e o mais rápido possível para garantir a recuperação completa. Essa tarefa é trabalhosa e exige um esforço conjunto do paciente, da família e dos profissionais envolvidos. Depois dessa conquista, o outro grande desafio é impedir que esses comportamentos alterados retornem. A chance de recaída em pacientes com BN é de 60 a 80%. Portanto, manter-se bem também é uma parte fundamental do tratamento e exige atenção e esforço contínuos!

  • Em quanto tempo meu filho/a vai se recuperar completamente da AN?

    A AN é uma doença muito grave que atinge e debilita todos os órgãos do corpo, inclusive o cérebro. A sua recuperação COMPLETA é lenta e longa! E possível!! Demora para que todo o funcionamento do corpo se normalize, mesmo depois da recuperação total do peso. Alguns estudos informam que o corpo leva até 2 anos para se refazer das alterações provocadas pela AN após estar na faixa de peso saudável, mesmo em pacientes jovens. Assim, não confunda recuperação de peso com recuperação da doença! O tratamento é um processo!

  • O tratamento de depressão, TOC, fobia social ou TAG pode ser feito durante o transtorno alimentar?

    Se outro transtorno psiquiátrico for diagnosticado além do transtorno alimentar, ele deve ser tratado conjuntamente ao transtorno alimentar e de acordo com orientações científicas. Por exemplo, o tratamento de depressão moderada a grave é feito com medicações, inclusive em pacientes jovens. Tratar o transtorno alimentar e outro transtorno psiquiátrico ao mesmo tempo aumenta as chances do paciente evoluir bem e se recuperar!

  • Todos os pacientes com BN têm depressão?

    A alimentação caótica, as compulsões e os comportamentos compensatórios e purgativos (vômitos) alteram o humor, o sono, a concentração, a memória e o ânimo dos pacientes com BN. Isso não significa que eles estão com depressão. Em geral, com a readequação da alimentação e a eliminação dos vômitos e dos comportamentos para controle de peso há resolução dessas alterações. Caso elas sejam muito intensas e acompanhadas de outros sintomas já no início do tratamento, pode ser que haja uma depressão junto com o transtorno alimentar. Uma avaliação psiquiátrica detalhada no início e nas revisões periódicas ajudarão a identificar uma depressão.

  • Todos os pacientes com AN têm depressão?

    A desnutrição característica da AN causa alterações no funcionamento e na estrutura do cérebro que farão com que o paciente tenha variações bruscas de humor, irritabilidade, tristeza, pensamentos obsessivos sobre comida, calorias, peso, corpo, desânimo, cansaço e isolamento social. Esses sintomas podem ser confundidos com aqueles da depressão. Por isso, a orientação geral é que, se possível, o médico aguarde que o paciente recupere algum peso antes de diagnosticar e tratar com medicações uma depressão junto com transtorno alimentar. Em caso de ideias de suicídio e morte intensas e frequentes ou comportamentos impulsivos graves com risco de suicídio, provavelmente há uma depressão junto com a desnutrição e o tratamento medicamentoso será necessário.

  • Quais doenças psiquiátricas podem acompanhar os transtornos alimentares?

    Outros transtornos psiquiátricos podem ser diagnosticados junto com os transtornos alimentares. Os mais comuns são depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e fobia social. Eles podem ter começado até antes do transtorno alimentar. Por isso, é muito importante uma avaliação psiquiátrica completa no início do tratamento e revisões à medida que o paciente for melhorando. Ás vezes, apenas depois da desnutrição melhorar, será possível identificar outro transtorno psiquiátrico concomitante

  • Como posso ajudar meu filho/a adulto com transtorno alimentar?

    Os pacientes adultos com transtorno alimentar também têm muita dificuldade de reconhecer que estão doentes e que precisam de ajuda no tratamento. Mas, a assistência de familiares ou amigos é fundamental para que ele se recupere! Prepare-se para que ele resista ao seu apoio! Mantenhase firme no propósito de lutar com ele contra o transtorno alimentar! Veja com os profissionais quais ações podem contribuir ou atrapalhar em cada fase do tratamento. Participar de algumas consultas, seguir em casa as orientações dos profissionais especialistas responsáveis pelo tratamento do paciente e estimulá-lo a manter o tratamento por mais difícil que seja em alguns momentos pode fazer toda a diferença entre sarar ou continuar doente

  • Existe remédio para BN?

    Ainda não existem remédios – pílulas – que façam as ideias de emagrecer e o medo de engordar desaparecerem ou melhorarem em pacientes com BN. Caso o paciente esteja seguindo completamente as orientações médicas e nutricionais e continue a ter compulsões e/ou vomitar, o uso de algumas medicações pode ajudar. Essas medicações são fluoxetina, sertralina e citalopram. O seu uso para tratamento complementar de compulsões e/ou vômitos está liberado somente para ADULTOS com BN. Atenção: o remédio só ajuda aqueles pacientes ADULTOS que estiverem seguindo todas as orientações médicas e nutricionais! A medicação sozinha não consegue interromper o ciclo de dieta-compulsões-vômitos. Crianças e adolescentes com BN conseguem se recuperar com o tratamento médico e nutricional recomendados. O uso de medicação fica liberado apenas para casos muito graves, porque ainda faltam estudos que comprovem o seu benefício em jovens com BN.

  • Existe remédio para AN?

    Até o momento, não existe nenhum remédio – pílula- que faça o paciente parar com as ideias de perder peso, o medo de engordar ou os comportamentos direcionados ao controle do peso e do corpo causados pela AN. Os únicos “remédios” para a AN são voltar a se alimentar adequadamente, recuperar a faixa de peso compatível com a idade e não obedecer aos seus comandos de controle de peso. Isso fará com que as ideias de perder peso, o medo de engordar e as mudanças de humor melhorem.

  • Será que foi algo que eu disse ou fiz que causou transtorno alimentar no meu filho/a?

    Essa é uma dúvida muito frequente entre os pais de pacientes com transtorno alimentar. Atenção: os pais ou os pacientes não podem causar transtorno alimentar! A AN e a BN são doenças complexas causadas por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e culturais. Não entre nessa armadilha da culpa! Você não causou transtorno alimentar no seu filho, mas pode ajudá-lo a sarar!

  • Eu, como pai/mãe tenho algumas questões alimentares, meu filho(a) fica dizendo que não posso falar dele por causa destas questões, o que fazer?

    Primeiramente é claro, que deve-se diferenciar quem tem o TA e que o tratamento é de seu filho. Mas todas as pessoas próximas tem grande influencia sobre eles, e a dos pais é a maior! Assim, qual quer que seja a questão (excesso de peso ou baixo peso dos pais; comer demais ou de forma compulsiva, ou comer de menos, fazer dietas restritivas ou rejeitar muitos alimentos) isto deve ser idealmente tratado. Vale como pai ou mãe buscar ajuda pessoal se você tem alguma questão, pois isto pode sim ter influência no tratamento de seu filho(a).

  • Meu filho tem um TA e segue uma série de "personalidades" no Instagram que dão dicas sobre alimentação. dieta, etc e também blogueiras. Isto tem algum problema?

    Sim. Este é um “fenômeno” complicado de nossos dias, que ajudam a perpetuar muitos mitos e um série de informações errôneas sobre saúde, alimentação e nutrição. Há também um estímulo a práticas exageradas de exercício, exaltação de corpos irreais, e promoção de culpa, perfeccionismo e preocupação exagerada com corpo e comida – que são exacerbam sintomas de quem tem um TA. Não é fácil controlar este acesso, quando os filhos tem celulares e computadores pessoais; mas este tema deve ser trazido para o tratamento, e deve haver discussão e estímulo para não se seguir estes programas. Por outro lado existem blogs interessantes que discutem alimentação, corpo e exercício de uma forma adequada e construtiva – veja exemplos em nossos links!

  • Meu filho tem um TA e agora também disse que não vai comer nem gluten nem lactose. Isto é OK?

    Infelizmente temos muitos mitos e modismos em alimentação e nutrição, e esta realidade piora as crenças errôneas e ideias que os pacientes com TA fazem sobre os alimentos. Eles já tendem a ser do tipo “tudo ou nada”, ou ter uma lista muito restrita de alimentos que julgam “permitidos e saudáveis”. É preciso ter muito cuidado com estes modismos, que nada tem de verdade científica. A restrição de glúten só deve acontecer para pessoas com doença celíaca, ou intolerância ao glúten diagnóstica por exames específicos. Da mesma maneira, a restrição de lactose só deve ocorrer para aqueles com intolerância comprovada por exames específicos. Muitos pacientes com TA, especialmente os mais desnutridos, podem apresentar alguma sensibilidade a alguns alimentos (sensação de má digestão, formação de gazes), mas isto se deve ao quadro do TA , ao fato da digestão ser muito lenta, falta de produção adequada de enzimas digestivas, etc. O nutricionista pode orientar suplementos que auxiliam esta questão, bem como um plano alimentar que ajude a fazer reintrodução de alimentos que estavam sendo evitados.

  • Meu filho(a) tem um TA e resolveu ser vegetariano, tudo bem?

    É possível ser vegetariano de forma saudável, desde que substituições corretas de alimentos sejam feitas. No entanto, os estudos mostram que muitos pacientes com TA decidem ser vegetarianos como mais uma maneira de restringir alimentos de sua dieta – e não por outras razões. Se há muita resistência inicial quanto a isto, o nutricionista pode orientar quais são as substituições e alimentos recomendados para que não haja deficiências. Se estes alimentos também forem rejeitados é um sinal claro de que não é possível manter uma dieta vegetariana. O trabalho de terapia nutricional, ao discutir a flexibilização e aceitação dos alimentos em geral, pode ajudar muitas vezes os pacientes a reverem esta escolha.

  • Como devem acontecer as refeições?

    O planejamento das refeições precisa ser feito de forma individualizada considerando todos os aspectos de cada pacientes. Assim, além de planejar o que e quanto deve ser consumido (nem sempre de uma maneira absolutamente fechada, e sim comoções), é importante definir horários para as refeições, companhia e de que forma elas devem ocorrer. Idealmente os pacientes devem comer com companhia, para que possam ter supervisão e garantia de cumprir as determinações de tratamento. Ter um ritual alimentar – sentar-se a mesa, sem distrações como TV, tablets ou celular – é importante. Muitas vezes é preciso também controlar o tempo das refeições, para que não aconteçam muito rapidamente, e nem levem “horas”. As refeições em família são especialmente recomendadas, ainda mais para pacientes menores de idade, para que a refeição aconteça da melhor maneira possível – mas isto inclui também um ambiente agradável e sem brigas. A orientação dos terapeutas é fundamental neste sentido.

  • As famílias nõa pode dererminar sozinha o que o paciente deve comer?

    Este caminho normalmente não funciona. Embora a família tenha um papel essencial em ajudar o paciente a ter uma alimentação normal, é melhor que o plano alimentar seja estabelecido pela equipe de tratamento. Mesmo que as vezes o profissional recomende algo parecido com o que a família estava tentando antes, é mais fácil o paciente aceitar. A família pode ser mostrar desta forma, como aqueles que vão ajudar o paciente a cumprir as determinações colocadas pela equipe.

  • Tem uma dieta específica para o tratamento de um TA?

    Não. Não são recomendadas dietas – inclusive porque elas estão classicamente no início da história do aparecimento do TA. Não há alimentos “proibidos e permitidos” para um TA, e nem alimentos “milagrosos”. Cada paciente é único em suas questões alimentares, que precisam ser avaliadas pelo nutricionista para o planejamento de um plano alimentar individualizado, que vai levar em conta o momento do pacientes, suas maiores dificuldades, suas necessidades nutricionais, e os demais aspectos de sua vida.

  • Qual o papel da nutricionista no tratamento da TA?

    Os TA são caracterizados por alterações no consumo alimentar e nutricional (que alimentos, quantidade e qualidade se come), e também nos comportamentos alimentares e relacionamento dos pacientes com a comida. As alterações de consumo podem levar a diversas consequências clínicas e, juntamente com demais membros da equipe profissional, o nutricionista irá ajudar o paciente e as famílias nestas alterações nutricionais. Ele também ira avaliar e discutir as alterações de comportamento alimentar e trabalhar com o paciente seus pensamentos, crenças e relacionamento com a comida.

  • Como diferenciar o que é da adolescência e o que é da doença?

    A adolescência é uma etapa intermediária do desenvolvimento entre a infância e a fase adulta (na maioria das pessoas, ela ocorre entre os 10 e 20 anos de idade). Este período é marcado por diversas transformações corporais, hormonais e até mesmo comportamentais. A rapidez dessas transformações assusta e confunde a todos que estão envolvidos com o adolescente e principalmente a ele próprio. Ele precisará aprender a lidar com esse novo corpo que atrai o olhar de outras pessoas, e também com as exigências de nossa sociedade, na qual valoriza-se bastante a beleza, a aprovação e a performance. Esse momento muitas vezes é vivido como uma montanha russa, entre altos e baixos, ou seja, com muita intensidade. A agressividade, a insegurança e a ansiedade são comuns nesse período e por vezes dificultam a comunicação com as pessoas de seu convívio. A fase da adolescência envolve aspectos psicológicos importantes, como a elaboração das perdas e a construção de uma identidade. Além de lidar com as perdas, o jovem também terá que enfrentar: 

    • Medo de não ser aceito no grupo; 

    • Medo de ser diferente; 

    • Medo de não ser amado; 

    • Medo de tornar-se adulto; 

    • Medo de perder o controle do próprio corpo. 

    Por isso essa é uma fase de fragilidade e quando o adolescente não encontra recursos saudáveis, os transtornos alimentares encontram espaço, já que eles prometem falsas soluções. É importante lembrar que a insegurança, o medo, a auto estima baixa, a distorção da imagem corporal, a incapacidade de frustração e principalmente o medo de não ser amado e aceito, tendem a se manifestar em favor da doença através de comportamentos agressivos e impulsivos Ou seja, no começo é muito difícil para a família diferenciar o que é da doença o que é adolescência porem quanto mais a família conhecer sobre a doença e quanto mais lembrar dos conflitos adolescentes mais fácil poderá ficar essa diferenciação.

  • Como entender que ela/e quando se olha no espelho e diz que está gorda/o, se ela está "esquelética"?

    Sem dúvida é muito difícil de entender, isso chama distorção de imagem corporal e, é um dos sintomas da anorexia nervosa. E algo complexo pois realmente a pessoa se vê diferente do que realmente ela é, porém com a melhora do quadro alimentar esse sintoma tende a desaparecer.

  • Ela/e fica sentada o dia todo no computador, tem que restringir isso?

    O problema é que ela/e pode estar vendo na internet. Existem uns sites chamados pro-ana e pro-mia que estimulam a ficar doentes, são muito prejudiciais porque ensinam truques como enganar a família, como esconder comida, e o pior enaltecem as doenças dizendo por exemplo que ser  “anoréxica é muito bom!” Assim o importante é que a família tenha cuidado e vigie que tipo de atividades ela/e fazem no computador

  • A equipe disse que ela/e não pode fazer exercícios físicos até não melhorar, mas ela pode sair para passear?

    Vocês devem perguntar ao médico responsável o que no caso especifico dela/e é permitido ou não. Porém é bom saber que levar o cachorrinho para passear, subir as escadas da casa várias vezes ao dia, fazer faxina no banheiro, até lavar louca etc. provocam um gasto energético e calórico muito grande em quem está com baixo peso

  • O que fazer quando ela/e diz que coloquei muita comida ou quer servir porções muito pequenas?

    Algo que ajuda bastante a família é seguir as indicações da nutricionista “ao pé da letra” por exemplo se ela disse “ 2 colheres de arroz no almoço” colocar somente 2 ! nem um grão a mais ou a menos. Assim quando a/o paciente reclamar dizendo que é muito explicar que você está seguindo as instruções da nutricionista ,que se ela/e quer mudar o cardápio no próximo encontro com a profissional discuta isso com ela Porque você não tem autoridade para mudar as refeições nem para mais nem para menos.

  • Quando ela/e quer sair da mesa para ir ao banheiro devemos deixa-la/o?

    Não é conveniente que ela/e o faça, se for necessário e melhor acompanhá-la/o, e até pode se pedir que deixe a porta aberta. Muitas vezes pacientes com anorexia e/o bulimia em tratamento, ao serem obrigados a comer fazem coisas para eliminar o que comeram, como vomitar a refeição mesmo que nunca o tenham feito antes.

  • Temos que obriga-la/o a sentar na mesa conosco?

    Não é bom que que ela/e não participe das refeições familiares, as vezes pequenos acordos como por exemplo dizer “ Você pode comer primeiro, porem mesmo assim você senta a mesa conosco porque gostamos de compartilhar este momento com você….”

Perguntas Frequentes